sexta-feira, 20 de maio de 2011

Silêncio no Mundo

Olho para os seres invisíveis
uma angústia me aflige
       a comunicação se perde pelo orgulho
     de todos
neste tempo é inútil se comunicar
Em vão estão as palavras
Em vão formam-se as palavras
Em vão os homens do passado se regeneram.

É tempo do mundo explodir pelo silêncio.
Tempo do absoluto silêncio.
                  Homens, ondas, ônibus, orgasmos,
       tudo jogado no silêncio do mundo.
Meu coração é habitado pela cidade do silêncio
Lá as vozes não tem voz
         foram afogadas neste estúpido peito
                             de homem.

Só agora percebo que o choro entre os homens é ineficaz
as gotas que deslizam nos rostos fantasmagóricos
servem apenas para molharem os pés impermeáveis
tudo inunda.

Inútil é cantar, inútil é anunciar,
inútil é amar, inútil é escrever
só o meu coração sabe
como é doloroso o meu coração! 


Fernando Bernadelli

sábado, 14 de maio de 2011

Artificialidade

Os cruzamentos dos olhares
       que antes as lágrimas se derramavam
já não nascem mais
       o artificial penetrou nos homens
          cujos os olhos não se conhecem mais
A conversa na internet
    a inútil conversa nas quais
           as mãos batem ferozmente
na tecla do computador
              e o ruído sangrento ecoa pela casa
      o sentimento se torna artificial.


Fechas os olhos
     percebes o poderoso mundo
as constantes mudanças dos seres
as novas roupas, os novos objetos,
as novas armas, as novas guerras
         Tudo isso, na pequena fração de segundo
 com teus olhos fechados
      quando abrires 
não adiantarás mais e serás um ser artificial.


O poema será artificial
      mesmo que os versos não sejam
pois as futuras bocas
ó futuras bocas!
cantarão o poema
     e me tornarei um poeta artificial.

                              Fernando Bernadelli