sexta-feira, 16 de novembro de 2012

A dança




A brisa cinzenta dança sobre meus pés
tudo se congela
como estúpido gelo glacial
não movo, não ando
estupidamente paralisado.

Estátua imóvel
um ser imóvel
uma vida imóvel
pés congelados
só a brisa que dança!

Paralisado, congelado, petrificado
                  o ser
apenas observa a dança da sombria brisa
pronta para dançar com outros.

Fernando Bernadelli 



quinta-feira, 15 de novembro de 2012

Mãos




Entre meus estúpidos dedos
um vazio brota e espalha
nas minhas frágeis mãos.

Mãos que tocam a noite
desperta o sombrio
acorda os loucos
exalta os poetas.

Mãos que escrevem
mãos que torturam
mãos que matam
mãos que inutilmente tentam conter o sangue
mãos da mulher sobre o caixão do filho.

Mãos do poeta
mãos frágeis, repleto de espinhos e doces rosas
mãos que cantam ao mundo
a dor de tantas mãos.

Fernando Bernadelli 

sábado, 18 de agosto de 2012

MOMENTOS




Já vivi grandes amores

senti o sabor da palavra ‘amor’

lutei, briguei, sonhei,

na  fábrica do romantismo

produzi o nosso amor.
                                             

                                                Como

                                         gotas d’águas

                         que atormentam o calor noturno 

                                    a represa não suportou

                                               as lágrimas

                          tudo se rompeu
                                             tudo está no profundo oceano


Ahhh  mares e mares!!

Quantos poetas declamaram seus poemas a ti?  

Quando a onda quebra ouço os sentimentos dos maravilhosos poetas .
                   

                                            
                            Deixa pra lá

                  a rua acaba sempre chamando

         a vida é de ferro, os homens são de ferro

                          o poeta é de ferro

                             o ferro é oco.

 Fernando Bernadelli

domingo, 8 de janeiro de 2012

Oceano


Sigo meus olhos na direção do mar
              lágrimas nascem no meu oco rosto
  e deságuam no mar salgado.

Brisa marítima que corta
       meu corpo e atormenta
meus estúpidos pensamentos.

A tempestade atinge meu coração
                                          tenho um oceano em meu corpo
as águas escuras naufragam meus pensamentos
              por fim meu coração
                 isolado
                 coração
      que dorme nas águas salgadas da vida.

Fernando Bernadelli

sexta-feira, 6 de janeiro de 2012

Silêncio


Sigo o ruído do silêncio
as águas estão paradas
o tempo está frio
                           minha voz apenas sussurra
             delirante silêncio
   que me envolve como uma dança
           silenciosa e fria
 mas meu coração bate
             isto é tudo.
Ahhhh como que bate!


Fernando Bernadelli