quinta-feira, 6 de junho de 2013

Silêncio


Vivo no imenso mar do silêncio
que deposita em mim seus ruídos silenciais
Sem voz, sem coração, sem força
caminho na direção vazia do delirante silêncio.

O vento...tão silencial...tão frio...tão mórbido
na vazia figura humana
destrói a esperança
o grito...sem grito
ecoa  nas ondas do silêncio
- Tornaremos seres silenciais? Sairemos nos aglomerados centros em profundos silêncios como estátuas silenciais andantes? Marcharemos para a utopia do silêncio?

Não tenho voz, não tenho plateia, não tenho desejo
tenho minhas mãos
que tece o poema  e surge
um novo amanhecer.

Fernando Bernadelli  

sexta-feira, 24 de maio de 2013

Eclipse


Em teu corpo percorro 
caminho sem volta 
seus enormes olhos 
como força do universo 
toma toda a minha energia 
em ti minhas mãos escrevem 
apoiam nas suas grandes mãos 
o tempo para 
nos olhamos 
sorrimos 
ambos 
deitamos e conspiramos 
contra o universo, contra Deus 
contra os homens lá fora 
contra as rosas, contra todos. 
Eu e você 
juntos 
esquecemos do medo 
o eclipse acontece 
o sol cobre toda a lua 
por instantes permaneço protegido 
labaredas em nossos ardentes corpos 
unos em um só 
tudo se cala 
somos o universo 
a explosão 
torna-se real 
a origem do amor 
da vida 
nossos corpos se separam 
como o sol e a lua no final do eclipse 
minhas cansadas mãos 
procuram suas mãos ardentes 
sem esperança 
olhamos 
seguimos nossas estúpidas trajetórias 
tudo será um quadro fixo 
em nossa memória. 

Fernando Bernadelli 


quinta-feira, 23 de maio de 2013

Lembranças


Entrego a ti o meu amor
caminho nas desertas ruas 
não te encontro 
só vejo fantasmas 
ocas lembranças 
nas mesmas ruas 
sem esperanças 
sem nada. 

Violenta dor 
pura ilusão? puro romantismo? 
estúpida dor 
entreguei a ti o meu amor 
e guardaste somente 
no teu gélido coração
onde naufragou todos os sonhos
na dispersa batida do oceano de sangue. 

O beijo. 
Aquele beijo...o último momento de dois seres 
a última despedida. 
O beijo da saudade, o beijo do lamento, o beijo da morte,
o beijo do perdão, o beijo ardente, o beijo sem beijo, 
o beijo da ilusão, o beijo da conquista, o beijo da traição, 
o beijo por beijar, o beijo em brasa, o beijo da paz,o beijo da vida
                             O 
                            BEIJO 
                             DO 
                           AMOR. 

Fernando Bernadelli 


quarta-feira, 22 de maio de 2013

Somos humanos ou não? Eis a questão...

Hoje a vida está tão corrida, tão rápida, tão artificial, tão fria, tão global.... que as pessoas não sentem as outras com humanidade. Perdemos a humanidade ou nunca chegamos a ter? Hoje julgamos os nossos amigos, colegas e inimigos com tão facilidade que me dá até medo, dificilmente não colocamos o espelho em nós mesmos, pois para nós o nosso reflexo é perfeito. Poucos sabem que o espelho nos engana, criamos uma imagem que desejamos ser aquilo que está em nossa mente ou que a sociedade impõe. Enquanto isso, o tempo voa, ferimos todos sem nenhum escrúpulo, e criamos espelhos para todos serem iguais, unos, perfeitos. Sendo assim, prefiro ser imperfeito, mas com humanidade. 

Fernando Bernadelli 

sexta-feira, 16 de novembro de 2012

A dança




A brisa cinzenta dança sobre meus pés
tudo se congela
como estúpido gelo glacial
não movo, não ando
estupidamente paralisado.

Estátua imóvel
um ser imóvel
uma vida imóvel
pés congelados
só a brisa que dança!

Paralisado, congelado, petrificado
                  o ser
apenas observa a dança da sombria brisa
pronta para dançar com outros.

Fernando Bernadelli 



quinta-feira, 15 de novembro de 2012

Mãos




Entre meus estúpidos dedos
um vazio brota e espalha
nas minhas frágeis mãos.

Mãos que tocam a noite
desperta o sombrio
acorda os loucos
exalta os poetas.

Mãos que escrevem
mãos que torturam
mãos que matam
mãos que inutilmente tentam conter o sangue
mãos da mulher sobre o caixão do filho.

Mãos do poeta
mãos frágeis, repleto de espinhos e doces rosas
mãos que cantam ao mundo
a dor de tantas mãos.

Fernando Bernadelli 

sábado, 18 de agosto de 2012

MOMENTOS




Já vivi grandes amores

senti o sabor da palavra ‘amor’

lutei, briguei, sonhei,

na  fábrica do romantismo

produzi o nosso amor.
                                             

                                                Como

                                         gotas d’águas

                         que atormentam o calor noturno 

                                    a represa não suportou

                                               as lágrimas

                          tudo se rompeu
                                             tudo está no profundo oceano


Ahhh  mares e mares!!

Quantos poetas declamaram seus poemas a ti?  

Quando a onda quebra ouço os sentimentos dos maravilhosos poetas .
                   

                                            
                            Deixa pra lá

                  a rua acaba sempre chamando

         a vida é de ferro, os homens são de ferro

                          o poeta é de ferro

                             o ferro é oco.

 Fernando Bernadelli