quinta-feira, 17 de novembro de 2011

Amor

Meu coração tornou-se um doce e amargo oceano.
O amor cura e fere
mais fere do que cura
o ciclo vai batendo no peito vazio
por um instante esqueço dos espinhos
que estão lá fora do meu jardim
prontos para marcharem.

Olho para a imagem do meu amor
possuo apenas a imagem
nada mais...
a imagem que está nas redes socias,
no meu computador
mas a imagem da minha lembrança é perfeita.
A imagem vive.

Nunca vou poder tocar seus lábios.
Nunca vou poder tocar suas mãos com desejos.
Mas meu olhar percorre seu corpo, seu desejo,
meu olhar implora pelo fogo.

Poderosa imaginação
faço parte do jardim do meu amor
sugo seu caule
que delicioso néctar que possui
minhas mãos deslizam em seu caule
o fogo revela a vida
o pôr do sol é apenas uma brasa
diante de nossos corações, de nossos corpos
uns sobre o outro...
diante de sua pele quente
sobre a minha pele branca
tudo se desabrocha...
suspiros, olhares que se fundem, as labaredas de fogo segurando minhas mãos,
lágrimas de fogo caindo em meu rosto,
todos os Deuses nos invejando
querendo ser um de nós.

A imaginação constrói
a realidade fere
tudo se desmorona, todo o jardim, todo o fogo.
Os espinhos já marcharam.
Sobram as estúpidas cinzas
que orientam meu amor.

Tenho apenas suas maravilhosas e ingratas fotos
a esperança bate e fere meu peito
ele seguiu o caminho das cinzas
eu escolhi o caminho do arco íris
nesse caminho meu coração estupidamente alimenta a palavra amor.

Fernando Bernadelli

terça-feira, 15 de novembro de 2011

Fragmentos

Vejo-me no espelho
                   estou fragmentado
               meu rosto em diversas formas
       meus olhos
fragmentados em inúmeras
            partes
     mas o vazio da
            oca íris inunda
               Tudo.

Caminho até o jardim
                                   vejo os fragmentos
    da poderosa natureza.
A rosa
            vermelha dividiu-se em dezenas de partes
                   só o caule
          que
             sustenta .
       Até quando?

As ruas estão fragmentadas
               fragmentos
     humanos fabricam as ruas.
Tudo se confunde.
Percorro as ruas
              o asfalto é como vidro
                         vai cortando tudo
sinto a fragmentação da
                Maravilhosa dor.

Vejo meus irmãos
            fragmentados
   nos ônibus
            fragmentados
  ouvindo as ocas músicas
            fragmentadas
com seus aparelhos
                                   celulares, Mp4, iPod, iPad
              Tudo
             fragmentado.
Esquecerei a realidade fragmentada?

Navego no mar do meu coração
                 como é dolorido navegar em águas tão profundas
        a tempestade do amor
                 é silenciosa quando o segredo está guardado
       a sete chaves e lançado nesse estúpido e amargo peito.

Sinto o vento
                    fragmentado cortar meu rosto
      só agora percebo que até meu
            coração
      está
               fragmentado.

Então minhas mãos tornam-se fragmentos da vida
           meu poema é uma estúpida
                       fragmentação
da realidade, da imaginação, das bocas que leem e dos olhos
                       que navegam.
Só permanece imóvel a grande
            ÍRIS.

Fernando Bernadelli

segunda-feira, 24 de outubro de 2011

Aos teus olhos

O horizonte das palavras é difícil de encontrar.
Como os seus olhos que um dia
                                                 o sopro do vento levou para
                      o ártico.
Desde então meu coração é gelo
não há batidas, não há sangue
                                                 há apenas um vento frio
       que circula
vagarosamente nas minhas
                                 estúpidas veias.
Por fim, as minhas lágrimas
         são de cristais de gelo
 que refletem os olhos perdidos...
Como a vida é fria Meu Deus!

Fernando Bernadelli

terça-feira, 26 de julho de 2011

Noite

Fria noite
           que me aflige,
                      em teu sopro
está a minha dor
             que flutua
         ao lado da escuridão.
Tempo inacabado
severas badaladas
em minha alma
frágil, fragmentada, fantasmagórica
               nesse estúpido tempo. 


Abro caminho
      na tempestade noturna
               ouço outras vozes
  de diversas dores 
                   as mesmas dores
                   as mesmas indentidades
frágeis
          em um só canto. 
Levam tudo...
pés frágeis
mãos trincadas 
corpo vazio 
                    no fim uma estúpida estátua 
                         gélida
                         egoísta 
                        dona de um tempo.

                                                Fernando Bernadelli

Dor

Sinto-me sozinho
               egoísta com a minha dor
     não quero comunicar
     não quero amar
                       resta
         isolar-me 
              como uma estúpida árvore seca e podre.


Deixa-me sozinho
             esquece a minha existência
    quando abrires a tua porta
                 não deixa-me
            entrar
Porque estupidamente nasci oco
nasci fraco, nasci sozinho, nasci poeta.
Ó vida!! Como que tu és seca.

                                      Fernando Bernadelli

quinta-feira, 14 de julho de 2011

Poesia

Minhas mãos estão mortas
             paralisadas, frias, congeladas,
 Tu sabes dessa dor
  sabes que tudo isso  é inútil
           esse grito, esse clamor, essa solução!
Sentes a dor do mundo
             sozinho , isolado
            és uma ilha morta
                 seca
          apenas areia.

Ouves os cantos de outros seres
o mesmo clamor, o mesmo grito
           amantes da dor!!

Deitas na tua cama
          teu corpo é pesado
                            teu quarto é oco
o chão é o teu espelho
          rezas
para os homens
        o lamento naufraga
        em tuas mãos
para nada.

                          Fernando Bernadelli

sexta-feira, 20 de maio de 2011

Silêncio no Mundo

Olho para os seres invisíveis
uma angústia me aflige
       a comunicação se perde pelo orgulho
     de todos
neste tempo é inútil se comunicar
Em vão estão as palavras
Em vão formam-se as palavras
Em vão os homens do passado se regeneram.

É tempo do mundo explodir pelo silêncio.
Tempo do absoluto silêncio.
                  Homens, ondas, ônibus, orgasmos,
       tudo jogado no silêncio do mundo.
Meu coração é habitado pela cidade do silêncio
Lá as vozes não tem voz
         foram afogadas neste estúpido peito
                             de homem.

Só agora percebo que o choro entre os homens é ineficaz
as gotas que deslizam nos rostos fantasmagóricos
servem apenas para molharem os pés impermeáveis
tudo inunda.

Inútil é cantar, inútil é anunciar,
inútil é amar, inútil é escrever
só o meu coração sabe
como é doloroso o meu coração! 


Fernando Bernadelli

sábado, 14 de maio de 2011

Artificialidade

Os cruzamentos dos olhares
       que antes as lágrimas se derramavam
já não nascem mais
       o artificial penetrou nos homens
          cujos os olhos não se conhecem mais
A conversa na internet
    a inútil conversa nas quais
           as mãos batem ferozmente
na tecla do computador
              e o ruído sangrento ecoa pela casa
      o sentimento se torna artificial.


Fechas os olhos
     percebes o poderoso mundo
as constantes mudanças dos seres
as novas roupas, os novos objetos,
as novas armas, as novas guerras
         Tudo isso, na pequena fração de segundo
 com teus olhos fechados
      quando abrires 
não adiantarás mais e serás um ser artificial.


O poema será artificial
      mesmo que os versos não sejam
pois as futuras bocas
ó futuras bocas!
cantarão o poema
     e me tornarei um poeta artificial.

                              Fernando Bernadelli 

sexta-feira, 22 de abril de 2011

A morte

Caminho em escadas fúnebres
               os meus pés a cada
                degrau se putrefica.
                       Abro
                         a
      porta do mundo dos mortos
a canção paralisa meus
            gelados nervos.
E agora?
Conseguirei sobreviver no mundo dos homens?

Minhas mãos não falam.
Como são inúteis
   em tempos em que os homens
não se comunicam mais
nem trocam os estúpidos olhares.
Todos.
E a morte
             não é uma caveira e tampouco
          um fantasma
     Mas a alegoria do homem
     o ser que está em meu corpo
     e os outros seres que me rodeiam.

Fernando Bernadelli

Solo Nutrido

Vejo teu solo nutrido
        e o meu gosto pela tua terra 
   não sei se tens o mesmo gosto
mas não importa é o meu segredo.
Sinto minha mão fria
       a trabalhar no seu solo potente
e o fluxo do calor começa a irradiar 
            dois seres.
Teu solo cai sobre mim
      o que sinto é o cheiro da proibição
teus olhos fotografam o medo
           mas o amor  nas poderosas paredes
se fertiliza a cada instante.
A terra que penetra profundamente
     na minha tulipa,
a nutrição ocorre
           o poder da vida surge
o poder do amor
tudo explodindo no grande quarto!!
No descanso
         o medo de ambos os olhares
as novas e velhas imagens de inquisidores
Irã que mata centenas de solos e tulipas
  o mundo se cala feito uma rosa muda.
Tulipa que fechará para sempre
   a proibição é maior
muito maior
os olhares dos selvagens acabam até com os sonhos.
A lembrança brotará apenas no meu oco olhar
onde as lágrimas formarão a imagem do solo. 

Fernando Bernadelli

quinta-feira, 7 de abril de 2011

Sonoridade

Os passos ocos no chão
     ecoa pelo saguão
o ruído solitário
      em que o som penetra
              nas rachaduras das poderosas
 e ingratas paredes.
E a respiração do ser
           o êxtase pleno e sombrio
em que o tórax emite a angústia
         que penetra em todo o saguão.
O homem forte, o homem boi
sai  aos passos largos
        a procura de uma outra presa,
                    no banheiro ,
            a sonoridade do choro feminino
choro não mais de moça
       agora as lágrimas serão da mulher oca
     em que os soluços tremem as paredes e destroem os pisos
                      do saguão.
O vazio explode na imensidão
            o vazio do passo, o vazio do banheiro
   e depois o grito
               que coloca o fim do entardecer
 e o começo de um novo tempo
                       em que as lágrimas se tornam turvas
e a cada gota no piso
       a enchente sonora leva vários homens.

                                                                 Fernando Bernadelli

O canto do ser

Deita a neblina nos meus olhos,
   logo cairá o orvalho
          e na gota a fragilidade da matéria.
Canto
     e
        nada.
O vento leva o som
      para os vales mais sombrios...
.... e mais distantes...
           lá o canto
              encontra o puro ritmo,
no lamuriar do solo
             que aos poucos se torna pântano
         e sobre turvas lamas
              escuras rosas que exalam
                   o canto do ser.
O despertar da noite,
           com os corpos sobre o
                   imenso pântano
      cujas vozes são direcionadas
                para o céu negro
e os cantos subjugam a lua,
                         que temerosa curva-se para sempre.
O grito que explode no vale,
entre tantos Meu Deus!! É puramente inútil.

                                                              Fernando Bernadelli

No tormento do Inverno

As árvores estão paralisadas
       as folhas caem
             mortas e geladas.
O vento do inverno
             sopra...
               sopra...
                  sopra...
       os pássaros caem
              as asas que antes eram imponentes
          o vento as congelou
     no tormento do inverno,
                um cisne negro com o pescoço
            majestoso chora na lagoa 
      congelada e percebe-se a imagem
                  retorcida no severo gelo.
O vento frio
    sopra...
      sopra...
           sopra...
     e o tormento atravessa a porta
               a vida se torna fria
        essa poderosa vida
              que congela em nossos corações

                                                                   Fernando Bernadelli